sábado, 14 de maio de 2016

Tipos de Discursos - direto, indireto, indireto livre



Discurso  no texto narrativo  deve ser entendido como a maneira como o narrador apresenta a fala ou os pensamentos das personagens. São três os tipos de discurso: diretoindireto,indireto livre.

Discurso Direto
O mais comum de todos, ocorre quando a personagem “fala” diretamente com o leitor; nesse tipo de discurso, o narrador  reproduz integralmente o que a personagem diz. Geralmente, usa-se o travessão para iniciar tal discurso.

"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.
- Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.
- Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."
(Machado de Assis, Quincas Borba)

Discurso indireto
No discurso indireto, o narrador "fala" pela personagem como se estivesse mandando um recado dela para o leitor, por isso é indireto. Para tanto, terá que usar, necessariamente, as conjunções integrantes "que"  e "se"  ao introduzir tal discurso. Exemplo:

Sofia replicou, com ar de censura, que sempre era tarde para os amigos.

Transformando o discurso direto em indireto. Exemplos:
Discurso direto:
Mariana disse:
“─ Não me casarei com este velhote.”

Discurso indireto:
Mariana  disse que  não se casaria com aquele velhote.

 
PASSAGEM DO DISCURSO DIRETO PARA O INDIRETO
Observe a mudança de estrutura das frases que indicam as falas dos personagens:

Discurso direto
Discurso indireto

─  vou( presente)mudar a situação aqui, retrucou a mulher.

A mulher retrucou  que ia( pretérito imperfeito)mudar a situação ali.

─ Tive( pretérito perfeito)uma ideia formidável, disse Juca.
Verbo no 
Juca disse que tivera(pretérito mais-que-perfeito) uma ideia formidável.

Não me casarei(futurdo presente)com este velhote, afirmou Marina.
Verbo no 
Marina afirmou que não secasaria(futuro do pretérito) com aquele velhote.

─ Libertem(imperativo afirmativo) o prisioneiro, ordenou o rei.
O rei ordenou quelibertassem(imperfeito do subjuntivo)o prisioneiro.

Observação: usam-se as mesmas regras para  fazer a passagem do discurso indireto para o direto.

O DISCURSO INDIRETO LIVRE
 O discurso indireto livre é um tipo de discurso misto, em que se associam as características do discurso direto e do indireto.
 Dos três tipos de discursos, esse é o mais complexo. O que ocorre, nesse caso, é que a fala interior da personagem (as emoções, os pensamentos , os sentimentos, as reflexões) misturam-se com a fala do narrador, causando certa confusão em relação a quem está se pronunciando (o narrador ou a personagem). Portanto, na maioria dos casos, desaparecem  os verbos de elocução( mandar, deixar, falar, responder, indagar) e  os sinais de pontuação. O discurso indireto livre é mais comum  quando o narrador é onisciente.
Observe, nos trechos abaixo, que as falas do narrador e da personagem  Fabiano parecem fundir-se. No trecho em verde, fica claro que a narrativa foi interrompida  e o narrador insere a fala e os pensamentos de Fabiano.

 Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos.
Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria! (Cap. X, Contas)

Mais um exemplo retirado da obra “vidas Secas”
“Aí Fabiano baixou pancada e amunhecou . Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra à-toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha conhecia o seu lugar.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário