As figuras de construção ou de sintaxe ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade à construção das frases, tornando o texto mais elegante.
Elipse
Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração. Tais termos podem ser facilmente identificados no contexto. Exemplos:
Todos foram de avião; eu, de carro( omissão do verbo “fui”)
Estudamos muito para a prova.( omissão do sujeito nós)
Zeugma
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencionado anteriormente. Exemplos:
Ele gosta de moto; eu, de carro..
Na opinião dela só havia uma solução para o problema; na minha, várias.( dois termos subentendidos( opinião e havia)
Na opinião dela só havia uma solução para o problema; na minha, várias.( dois termos subentendidos( opinião e havia)
Silepse
A silepse é a concordância ideológica, isto é, que se faz com o termo que não vem indicado no texto, mas sim com a ideia que ele representa. Há três tipos de silepse: de gênero, número e pessoa.
Silepse de Gênero
Silepse de Gênero
Os gêneros são masculino e feminino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
1) A grande São Paulo ficou inundada mais uma vez..
Nesse caso, o adjetivo grande e inundada não estão concordando com o termo São Paulo, que gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de São Paulo).
2) Vossa excelência está pronto para a viagem?.
Nesse exemplo, o adjetivo pronto concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa excelência.
Nesse caso, o adjetivo grande e inundada não estão concordando com o termo São Paulo, que gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de São Paulo).
2) Vossa excelência está pronto para a viagem?.
Nesse exemplo, o adjetivo pronto concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa excelência.
Silepse de Número
Os números são singular e plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos:
A multidão gritava, a alegria era geral. Agitavam os lenços
A gente costumava sentar ao pé da paineira para ouvir histórias.Gostávamos muito daquelas tardes.
Note que nos exemplos acima, os verbos agitavam e gostávamos não concordam gramaticalmente com os sujeitos das orações (que se encontram no singular, multidão, e gente, respectivamente), mas com a ideia de pluralidade que neles está contida. Multidão e gente representam mais de uma pessoa.
Silepse de Pessoa
Temos três pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a terceira. A silepse de pessoa ocorre quando há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda com o sujeito da oração, mas sim com apessoa embutida no sujeito.
Exemplos:
Exemplos:
Os brasileiros não precisamos passar por mais esse vexame.
Os professores temos orgulho de nosso trabalho.
"Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins públicos." (Machado de Assis)
Observe que os verbos precisamos, temos e somos não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasileiros, professores e cariocas que estão na terceira pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, os professores e os cariocas).
Polissíndeto
É uma figura caracterizada pela repetição enfática da conjunção aditiva “e” Exemplo:
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta,e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac)
"Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza.
"Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza.
Assíndeto
Ausência das conjunções coordenativas, resultando no emprego de orações coordenadas assindéticas. Exemplos:
Tens saúde, tens dinheiro, mas não tens paz de espírito.
"Vim, vi, venci." (Júlio César)
Pleonasmo
Consiste na repetição de um termo ou ideia. A finalidade do pleonasmo é realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Veja este exemplo:
A mim você não me deve nada.
Nesta oração, os termos " mim" e "me" exercem a mesma função sintática: objeto indireto. Assim, temos um pleonasmo do objeto indireto, sendo o pronome"me" classificado como objeto indireto pleonástico.
Você ainda há de chorar lágrimas de saudade.
"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa)
"E rir meu riso." (Vinícius de Moraes)
"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa)
"E rir meu riso." (Vinícius de Moraes)
Quando o pleonasmo deixa de ser um recurso de ênfase, torna-se um vício de linguagem. Exemplos:
O elevador está subindo pra cima.( é possível subir pra baixo)
Precisamos refazer o trabalho tudo de novo.( o prefixo –re indica a ideia de repetição.)
Você precisa encarar o problema de frente.( dá para encarar de costas?)
Anáfora
É a repetição de uma ou mais palavras no início de várias frases, criando assim, um texto mais coerente. Os termos anafóricos podem muitas vezes ser substituídos por pronomes relativos ou demonstrativos, pessoais. Exemplo:
A professora elogiou seu trabalho, ela disse que notou grande evolução no seu comportamento. O termo ela é um termo anafórico, já que se refere à professora anteriormente referido.
Veja outro outro exemplo nestes versos de Vinícius de Moraes:“Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanta poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto da alegria e serenidade”.
"O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem." (Manuel Bandeira)
Anadiplose
Figura que consiste na repetição de termos já dispostos num fim de frase, ou verso, no início de uma sentença seguinte.
Veja este soneto de Gregógio de Matos Guerra. Cada palavra no final do verso inicia o verso seguinte:
Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade,
É verdade, meu Deus, que hei delinquido,
Delinquido vos tenho, e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
Maldade, que encaminha à vaidade,
Vaidade, que todo me há vencido;
Vencido quero ver-me, e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.
Arrependido estou de coração,
De coração vos busco, dai-me os braços,
Abraços, que me rendem vossa luz.
Luz, que claro me mostra a salvação,
A salvação pertendo em tais abraços,
Misericórdia, Amor, Jesus, Jesus.
(GREGÓRIO DE MATTOS)
Anacoluto
Consiste na quebra na estrutura sintática, deixando alguns termos desligados do resto do período. Veja o exemplo:
Essas mulheres namoradeiras, não podemos confiar nelas.
A expressão "essas mulheres namoradeiras" deveria exercer a função de sujeito. No entanto, isso não ocorre e essa expressão fica à parte, não exercendo nenhuma função sintática.
Hipérbato
É a inversão da estrutura da frase, caracterizando a ordem indireta ou inversa dos termos. Exemplos:
“Existe um povo que a bandeira empresta. Pr'a cobrir tanta infâmia e cobardia!.” (Castro Alves)
Na ordem direta seria: Existe um povo que empresta a bandeira)
“Ouviram do Ipiranga as margem plácidas de um povo heroico o brado retumbante”
Na ordem direta seria:
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.
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