terça-feira, 25 de abril de 2017

Tipos de Gramática - Parte III

 A chamada Gramática Descritiva destina-se a descrever ou explicar as línguas tais como elas são faladas. Explicita as regras que realmente são utilizadas pelos falantes. Descreve como se dá o funcionamento da língua e seus usos; é o conjunto de regras sobre o funcionamento de uma língua nos mais diversos aspectos ou níveis. A principal diferença em relação à gramática normativa, é que, na primeira, há a preocupação em ditar regras que muitas vezes só são observadas na escrita, enquanto que a Gramática  Descritiva explicita as regras que os falantes sabem e que usam no dia a dia.

 Sob a ótica de Silva (1999. p. 15-16), a chamada gramática descritiva tem por objetivo descrever as observações linguísticas atestadas entre os falantes de uma determinada língua. Sem prescrever normas ou definir padrões em termos de julgamento de correto/incorreto, busca-se documentar uma língua tal como ela se manifesta no momento da descrição. Nessa perspectiva, a gramática descritiva tem uma visão despida de qualquer preconceito linguístico. O seu campo de atuação é mais amplo, visto que contempla toda a diversidade, não se restringindo à abordagem da variante padrão.

 A gramática descritiva ou sincrônica (do grego syn- 'reunião', chrónos 'tempo') é o estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona, num dado momento, como meio de comunicação entre os seus falantes, e da análise da estrutura, ou configuração formal, que nesse momento a caracteriza. A gramática descritiva propõe-se a descrever as regras da língua falada, as quais independem do que a gramática normativa prescreve como "correto". Segundo Possenti, "é a que orienta, o trabalho dos linguistas cuja preocupação é descrever e/ou explicar as línguas tais como elas são faladas." Assim, diferentemente da gramática normativa, na gramática descritiva, as regras derivam do uso da língua.

 A partir da constatação de que a gramática normativa não era capaz de conta do uso real da língua por seus falantes, surgiram outras concepções e, consequentemente, outras acepções de gramática. TRAVAGLIA cita três tipos de gramática: normativa (também chamada de tradicional), descritiva e internalizada  ou implícita.

 A gramática descritiva está ligada a uma determinada comunidade linguística e reúne as formas gramaticais aceitas por estas comunidades. Como a língua sofre mudanças, frequentemente muito do que é prescrito na gramática normativa já não é mais usado pelos falantes de uma língua. A gramática descritiva não tem o objetivo de apontar erros, mas sim identificar todas as formas de expressão existentes e verificar quando e por quem são produzidas.

 Enquanto a gramática normativa considera como erros o uso de formas diferentes da norma culta da língua (tornada oficial), na perspectiva da gramática descritiva, o erro gramatical não existe, ou, explicando melhor: ao adotar um critério social, não linguístico, de correção, a gramática descritiva considera erradas apenas as formas ou estruturas gramaticais não presentes regularmente nas variedades reconhecidas pelos falantes de uma língua. 

 Enfim, a gramática descritiva objetiva estudar a língua em suas diferentes manifestações, rompendo com qualquer tipo de estigma. 

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