segunda-feira, 25 de julho de 2016

Uniformidade de tratamento

No Brasil, é muito comum ouvirmos frases como a seguinte:

- No fim do ano te darei um presente se você for aprovado.
- Eu te amo muito. Não vivo sem você!

Qual a inadequação? Vamos à explicação:

O problema reside na desuniformidade de tratamento, que consiste em concordar os pronomes e o verbo com o tratamento destinado aos interlocutores. Esclarecendo:
Se, ao conversarmos com uma pessoa, a tratarmos por você, todos os pronomes e o verbo deverão ficar na terceira pessoa do singular, já que você é um pronome de tratamento, de terceira pessoa. Caso haja mais de um interlocutor, a concordância se efetiva na terceira pessoa do plural (vocês).
Se tratarmos a pessoa por tu, todos os pronomes e o verbo deverão ficar na segunda pessoa do singular. Caso haja mais de um interlocutor, a concordância se efetiva na segunda pessoa do plural (vós).

Os pronomes referentes à segunda pessoa são os seguintes: tu, te, ti, contigo, teu, tua, teus, tuas; vós, vos, convosco, vosso, vossos, vossa, vossas.

Os pronomes referentes à terceira pessoa são os seguintes: você, vocês, o, a, os, as, lhe, lhes, se, si, consigo, seu, sua, seus, suas.


- No fim do ano te darei um presente se tu fores aprovado.
- No fim do ano lhe darei um presente se você for aprovado.

- Eu te amo muito. Não vivo sem ti!
- Eu a amo muito. Não vivo sem você!

- O presente que te dei não foi útil para ti.
- O presente que lhe dei não foi útil para você.

- Ele te deu o recado que te mandei?
- Ele lhe deu o recado que lhe mandei?

- Tu deverias preocupar-te com tua vida!
- Você deveria preocupar-se com sua vida!

Outro problema de desuniformidade de tratamento ocorre no uso do verbo, principalmente no imperativo, que é o uso do verbo para pedido, ordem, conselho, apelo.
Se o interlocutor for tratado por tu, o verbo no imperativo deve ser conjugado da seguinte maneira (peguemos como exemplo o verbo experimentar):

Constrói-se a frase assim: Todos os dias tu experimentas; retira-se a letra s do verbo:Experimenta. Este é o imperativo do verbo experimentar para a segunda pessoa do singular:Experimenta!. O mesmo ocorre com vósTodos os dias vós experimentais; retira-se o s:Experimentai!

Se o interlocutor for tratado por você, o verbo no imperativo será conjugado da mesma maneira que o presente do subjuntivo, que é caracterizado pela frase Espero que.... O verbo experimentar, então, fica assim: Espero que você experimente. O imperativo de experimentar para você é Experimente!. O mesmo ocorre com os pronomes nós e vocês:Espero que nós experimentemos. Espero que vocês experimentem. O imperativo, então, fica Experimentemos! e Experimentem!. Veja estas frases:

- Se tu gostas de cerveja, experimenta esta.
- Se você gosta de cerveja, experimente esta.

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